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Já exorcizamos os canhotos!!...
Estima-se que 10% da população tenha Dispraxia. Não há estudos no Brasil, nem em outros países, que confirmem esses dados, porém, segundo a Dra. Caroline Huron, "L'Enfant dispraxique - Mieux l'aider à la maison et à l'école", (p 14), estudos em diversas amostragens em diferentes países, como Austrália, Suécia, Nigéria, Singapura e Grã-Bretanha, entre outros, encontraram taxas entre 1,8% e 18%, sendo que a maioria desses estudos foram realizados com crianças entre 5 e 12 anos de idade.
JÁ EXORCIZAMOS OS CANHOTOS
A humanidade já exorcizou e, durante a inquisição, já condenou à morte alegando bruxaria e pactos com os demônios, essa gente sofrida que tem que se adaptar a tudo que é criado sempre para a maioria! Esses 10% da população de canhotos! E ainda hoje lemos uma série enorme de publicações infundadas cientificamente sobre a população que tem predominância motora de um dos lados do corpo diferente dos outros 90% da população. E não há interesse comercial em adaptar o mundo destro para que os 10% tenham a mesma facilidade. Herança da revolução industrial e padronização de tudo, diante dos gastos da personalização. Benvinda seja a impressão 3D!! Quem sabe?... Pode haver uma esperança se o pensamento elástico também vier a enriquecer e consertar os estragos do pensamento padronizado.
Carteiras escolares, por exemplo, constituem um problema, que foi resolvido temporariamente no Brasil quando um presidente canhoto, João Figueiredo, criou uma lei obrigando que 5% das carteiras escolares fossem adaptadas aos canhotos. Infelizmente, essa iniciativa ficou no passado pois a informação que tenho é que a Associação Brasileira de Canhotos, criada na década de 70, não existe mais e pouca atenção se dá à antiga Lei. Tomara que uma empresa inteligente se interesse por esses 10% do mercado consumidor... pode ser bem lucrativo especializar-se exatamente nele.
Assim como os canhotos, estima-se que as pessoas com dispraxia também constituem 10% da população. Não há estudos no Brasil, nem em outros países, que confirmem esses dados, porém, segundo a Dra. Caroline Huron, "L'Enfant dispraxique - Mieux l'aider à la maison et à l'école", (p 14), estudos em diversas amostragens em diferentes países, como Austrália, Suécia, Nigéria, Singapura e Grã-Bretanha, entre outros, encontraram taxas entre 1,8% e 18%, sendo que a maioria desses estudos foram realizados com crianças entre 5 e 12 anos de idade. A Dra. Caroline Huron esclarece ainda que o estudo realizado na Grã-Bretanha abrange uma amostra de 6.990 crianças de 7 a 8 anos e é o único a incluir no seu protocolo de um teste de avaliação de escrita, além da avaliação do teste de habilidades motoras.
Particularmente, acredito que o percentual da população que tem dispraxia no Brasil, por não receber o apoio necessário desde a Educação Infantil e Ensino Fundamental I, corresponde a uma grande parte do percentual que evade a escola. A evasão geralmente ocorre entre o sétimo ano do Ensino Fundamental II e o primeiro ano do Ensino Médio. Não gosto e não concordo com a afirmação que circula em vários websites e publicações de que "a dispraxia leva ao fracasso escolar" - prefiro afirmar que "ignorar a dispraxia é um grande fracasso da escola na formação de pessoas que têm elevado potencial".
Lúcia Sarmento